sexta-feira, 19 de março de 2010

Mais Perto de Deus

Gosto de ler o deboche de Paulo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Co.15:55). O último inimigo da raça humana foi vencido, e chegará o dia em que finalmente será destruído (v.26).

Por isso, não há o que temer! Não há uma figura fantasmagórica de foice nas mãos à nossa espera na próxima curva. Não importa em que condições partiremos, se durante um culto, num leito ou num acidente automobilístico. Fecharemos os olhos aqui e abriremos na glória eterna, cara a cara com Aquele por cuja graça fomos alcançados. Através de Sua morte, Cristo aniquilou o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, libertando assim a todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão (Hb.2:14-15).

O mundo não pode entender nossa postura diante da morte, porque não conhece o Autor da Vida. Muitos pasmaram diante da reação de dois pastores vítimas de um acidente envolvendo sete veículos na Rodovia do Contorno, trecho da BR 101 que liga Serra a Cariacica no Espírito Santo.

Testemunhas do episódio contam que os pastores Nelson Palmeiras e João Valadão, ainda com vida e presos nas ferragens, em meio a um mar de sangue que os envolvia, começaram a cantar um hino que dizia:

Mais perto
Quero estar meu Deus de ti!
Ainda que seja a dor
Que me una a ti,
Sempre hei de suplicar
Mais perto
Quero estar meu Deus de ti!

Foi esta mesma canção que os membros da banda que estava a bordo do Titanic entoaram enquanto o navio afundava.

“Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos!” (Sl.116:15). Deus não é sádico! Ele não Se deleita em show de horreres, em banho de sangue. Mas nada Lhe compraz mais do que a postura dos santos perante a morte.

Para quem está em Cristo, morrer não significa ver a morte, mas deixar o tempo e adentrar a eternidade. Significa estar “mais perto de Deus”. Por isso morrer é lucro! Paulo diz que desejava partir “e estar com Cristo, o que é muito melhor!” (Fp.1:23). Muito melhor do que qualquer prazer que este mundo possa nos oferecer. Muito melhor do que a companhia de nossos entes queridos. Muito melhor do que as riquezas daqui. É simplesmente incomparável. Não creio que haja algum “estado intermediário” entre a morte e a glória eterna. Assim como não creio em purgatório. Creio sim, que deixamos o tempo e somos remetidos diretamente à eternidade, sem escalas, sem espera. O Dia do Senhor, o Juízo Final, nosso encontro com Ele nos ares, tudo isso se dará num piscar de olhos. Fechamos os olhos aqui, ao reabri-lo nos vemos diante do Senhor da Glória. Aleluia! Não haverá gozo maior que esse. Cara a cara com a razão de nossa existência!

Isso não significa que devamos desejar a morte. Não somos suicidas. O que nos prende a esta vida não é mais o medo da morte, mas o amor àqueles que nos foram confiados. Paulo explica que mesmo acreditando que morrer seria lucro, ele julgava mais necessário permanecer aqui por amor dos irmãos, tendo em vista o progresso e gozo de sua fé (Fp.1:24-25). Portanto, não se trata de apego a esta vida, mas de zelo por cumprir o propósito de nossas existências terrenas, que gira em torno do bem-estar dos que foram postos sob nossos cuidados.

Ninguém deixará esta vida enquanto o propósito de Deus para a sua existência não se cumprir. Nossos dias estão previamente ordenados (Sl.139). E quando chegar a hora, Deus encherá de paz o nosso coração e consolará àqueles que deixarmos.

Enquanto não chega nossa hora, vivamos por aquilo pelo qual estamos dispostos a morrer. Não nos poupemos, mas deixemo-nos gastar por amor aos que nos foram dados.

Um comentário:

  1. Oi, Kaline!
    Gostei muito do seu blog, e muito obrigada pela sua visita ao meu blog! Já estou te seguindo tb!

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